A sépsis é uma síndrome clínica que decorre da ativação de uma resposta inflamatória sistémica desencadeada pela infeção, com consequente lesão tecidular generalizada. Doenças não infeciosas, como a pancreatite aguda, também podem associar-se a um quadro deste tipo, denominado síndrome de resposta inflamatória sistémica (SIRS). A coexistência de SIRS e de infeção é definida como sépsis. A gravidade da
sépsis é estabelecida mediante a existência de disfunção de órgãos e de compromisso hemodinâmico. Daqui surgiram os conceitos de sépsis grave e selleck products de choque séptico para designar as situações de sépsis que cursem com sinais de disfunção orgânica e hipoperfusão tecidular persistente, respetivamente 5. Na realidade sépsis, sépsis grave e choque séptico representam um contínuo de gravidade que culmina na falência múltipla de órgãos, tratando-se de um processo dinâmico e que pode evoluir
rapidamente para as formas mais graves 2 and 6. Os princípios de abordagem do doente séptico assentam no reconhecimento de que a adequada ressuscitação nas primeiras horas permite reduzir a mortalidade de forma significativa. Os principais pilares desta abordagem são a precocidade do diagnóstico e a rapidez e eficácia das Z-VAD-FMK in vitro intervenções terapêuticas instituídas, consistindo fundamentalmente no suporte das funções vitais e no controlo do foco infecioso. Esta estratégia foi subscrita por várias organizações
médicas e mereceu consenso internacional, dando origem a uma campanha à escala global denominada Surviving Sepsis Campaign (SSC) 3, 4, 7 and 8. Esta campanha serviu de mote à instituição de protocolos de atuação a nível local em diversas instituições hospitalares e à organização dos serviços e treino dos profissionais de saúde para atuação neste contexto. A implementação destas medidas demonstrou um impacto positivo nas taxas de mortalidade observadas 9 and 10. Apesar de a sépsis ser um problema transversal em medicina e do interesse crescente da comunidade médica nesta área, a sua real prevalência Adenosine e o seu impacto na prática clínica diária permanecem muitas vezes subestimados. Este estudo teve como objetivos avaliar o impacto da sépsis num serviço de gastrenterologia e, simultaneamente, determinar se a abordagem inicial a estes doentes foi a mais adequada, à luz das recomendações vigentes. Foi efetuado um estudo retrospetivo, abrangendo todos os internamentos urgentes ocorridos num serviço de gastrenterologia, durante o período de um ano (de setembro de 2009 a agosto de 2010). O estudo decorreu num hospital terciário, universitário, que integra um serviço de urgência (SU) polivalente. Os doentes admitidos no SU são encaminhados para a urgência geral ou para as diversas especialidades de acordo com a triagem inicial efetuada por enfermeiro, segundo o sistema de Manchester.